O aprendizado baseado em desempenho, um conceito defendido por Guy Wallace, surgiu como uma abordagem para obter resultados concretos no treinamento e desenvolvimento. É uma metodologia que se concentra em alinhar o conteúdo das soluções de aprendizagem com as tarefas desempenhada pelos profissionais e os resultados de desempenho objetivos desejados por uma empresa.

Compreendendo a Tecnologia de Desempenho Humano (HPT)

A HPT é uma abordagem integrada de sistemas para melhorar o desempenho humano, baseada em várias disciplinas, incluindo psicologia, design instrucional, desenvolvimento organizacional e recursos humanos. A HPT considera as organizações como sistemas e que o desempenho dentro desses sistemas é influenciado por múltiplos fatores, como habilidades e conhecimentos dos indivíduos, ferramentas e recursos disponíveis, estrutura e cultura da organização, e sistemas e processos em vigor. Saiba mais 🌐

Análise de Design Instrucional é o processo de identificar as necessidades de aprendizagem de um público-alvo e determinar os melhores métodos para atender a essas necessidades. Esta fase é o alicerce de todo o processo de design instrucional, pois estabelece a base sobre a qual todo o módulo de treinamento será construído. Isso inclui a avaliação do nível atual de conhecimento do aluno, identificação das lacunas de aprendizagem e definição de objetivos de aprendizagem.

Por que a Análise é Importante no Design Instrucional?

A importância da fase de análise no design instrucional não pode ser subestimada. É durante esta fase que os designers instrucionais obtêm uma compreensão completa de quem são os alunos, o que eles precisam aprender e como melhor facilitar essa aprendizagem.

As informações coletadas durante a fase de análise informam todas as etapas subsequentes do processo de design instrucional, garantindo que o conteúdo seja relevante, envolvente e eficaz.

Além disso, essa análise também deve se concentrar em resultados objetivos e mensuráveis dentro do negócio ou da empresa. Ou seja, antes de decidir qual é a melhor estratégia para desenvolver uma solução de aprendizagem, o designer instrucional e o time de T&D deve, antes de mais nada, identificar o que eles precisam objetivamente melhorar, sempre de acordo das necessidades da empresa e das pessoas que estão nela.

Sem essa etapa essencial, o processo de design instrucional corre o risco de ficar desalinhado com as necessidades dos alunos, levando a experiências de aprendizado menos eficazes e resultados de desempenho aquém do ideal.

Agora que temos uma compreensão geral do processo de análise, vamos examinar duas partes principais no design instrucional: análise de conteúdo e análise de tarefas.

O que é Análise de Conteúdo em Design Instrucional?

Análise de conteúdo é a examinação sistemática de todos os materiais e recursos instrucionais relacionados a um tópico ou área de estudo específica. Nesse processo, o designer instrucional revisa, organiza e categoriza as informações para criar um programa de aprendizagem estruturado e significativo.

O que é Análise de Tarefas?

A análise de tarefas, por outro lado, envolve a dissecção de uma tarefa complexa em sub-tarefas menores e gerenciáveis que podem ser instruídas e aprendidas separadamente. Isso forma a base do desenvolvimento do currículo, pois ajuda a definir as tarefas específicas que um aluno deve ser capaz de executar após a conclusão do programa de treinamento.

A diferença entre análise de conteúdo e análise de tarefas reside no seu foco. Enquanto a análise de conteúdo se preocupa em organizar e estruturar informações para a aprendizagem, a análise de tarefas está mais preocupada com a aplicação dessa informação, ou seja, o que os alunos devem ser capazes de fazer com o conhecimento adquirido.

É tudo sobre INFOs e DEMOs e APPOs para ajudar os alunos/executores a dominar seus requisitos de desempenho. - Guy Wallace

Mapeamento de Lições Baseado em Desempenho

Guy Wallace originalmente formulou o mapeamento de lições baseado em desempenho para um projeto de cliente em 1990. O conceito se baseia em dois princípios-chave:

  1. “Informação, demonstração e aplicação” (info-demo-aplicação)
  2. “Aplicação, demonstração e informação” (aplicação-demo-info).

O fluxo de entrega de instrução normalmente segue a sequência de informação, demonstração e aplicação (info-demo-aplicação), mas o fluxo de design começa com a aplicação, depois a demonstração e, finalmente, a informação essencial (aplicação-demo-info).

PassoDescrição
1Identifique as saídas de desempenho, tarefas e conhecimentos e habilidades necessários (Fase de Análise).
2Estabeleça objetivos de desempenho e aprendizagem (Fase de Design).
3Desenhe exercícios de aplicação para prática e feedback.
4Determine as demonstrações necessárias do desempenho.
5Identifique a quantidade mínima essencial de informações para entender as demonstrações e ter bom desempenho nos exercícios de aplicação.
6Para tarefas ou saídas específicas, inicie o mapeamento de aulas ‘on-the-fly’ fazendo perguntas direcionadas a mestres de desempenho ou especialistas no assunto.
7Para trabalhos ou processos complexos, primeiro identifique as áreas de desempenho.
8Crie gráficos de modelo de desempenho e matrizes de conhecimento e habilidade.
9Use dados de desempenho para derivar dados de conhecimento e habilidade.
10Use os dados de conhecimento e habilidade para criar mapas de aulas, começando com os objetivos de desempenho seguidos pelos objetivos de aprendizagem.
11Concentre-se em exercícios de aplicação e determine se haverá um teste de desempenho final.
12Decida se uma demonstração é necessária com base no conhecimento prévio dos aprendizes.
13Identifique os itens de conhecimento e habilidade necessários para preparar demonstrações e exercícios de aplicação.

O mapeamento de lições baseado em desempenho gira em torno dos dados de análise e design. Durante a análise, o foco está em determinar as saídas de desempenho, entender as tarefas realizadas e identificar o conhecimento e as habilidades necessárias. A fase de design, por outro lado, enfatiza os objetivos de desempenho e aprendizagem, exercícios de aplicação, demonstrações e as informações necessárias para facilitar a compreensão e a aplicação.

Para tarefas ou saídas específicas, uma lição pode ser mapeada “em tempo real” fazendo uma série de perguntas direcionadas a melhores profissionais ou especialistas no assunto. Wallace reitera a importância do fluxo de entrega instrucional, onde a informação é geralmente seguida de demonstração e, em seguida, aplicação. No entanto, em sua abordagem de design, ele começa com exercícios de aplicação, depois demonstrações e, finalmente, a informação essencial mínima.

O que são "entradas" e "saídas"

“Output” em análise de tarefas se refere aos resultados ou saídas gerados por uma atividade ou processo. É o que é produzido ou entregue após a execução de uma tarefa, seja um produto, um serviço ou informações relevantes. O “output” é importante para avaliar a eficiência e a qualidade de um processo e pode ser utilizado para identificar oportunidades de melhoria ou para tomar decisões estratégicas.

Ao lidar com um trabalho complexo ou um processo que inclui várias saídas e tarefas, uma abordagem mais ampla é necessária. Isso envolve identificar áreas de desempenho, produzir gráficos de modelos de desempenho e criar matrizes de conhecimento e habilidades.

Os dados de desempenho levam aos dados de conhecimento e habilidade, que finalmente levam aos mapas de lições. Os mapas de lições priorizam os objetivos de desempenho e aprendizagem, focando na competência de desempenho.

O próximo estágio envolve focar em exercícios de aplicação, que servem como uma plataforma para prática, feedback e possíveis testes de desempenho. Dependendo do conhecimento prévio dos alunos, uma demonstração pode ser necessária. Se os alunos são experientes, a demonstração pode ser ignorada. Finalmente, são identificados o conhecimento e as habilidades necessárias para se preparar para a demonstração e os exercícios de aplicação.

A abordagem de Wallace para o mapeamento de lições baseado em desempenho foi testada pela primeira vez em 1990 com um projeto para a Illinois Bell. Seu método “info-demo-aplicação”, inicialmente nomeado como “palestra, demonstração e exercício”, foi preferido em relação às abordagens tradicionais. Com o tempo, o método foi adaptado para “informação, demonstração e aplicação” para acomodar diferentes modos de instrução, seja em grupo, treinados ou auto-dirigidos.

O objetivo final de Wallace é imergir os alunos nos exercícios de aplicação o mais rápido possível, minimizando o tempo gasto em informação e demonstração, promovendo um ambiente de aprendizagem melhor. Ele escreveu dois livros, “Mapeamento de Lições Baseado em Desempenho e Desenvolvimento Instrucional” e “Mapeamento de Lições para Impacto de Desempenho”, elucidando essa metodologia.

Success

O mapeamento de lições baseado em desempenho serve como uma abordagem eficaz no design instrucional, focando nos requisitos de desempenho e possibilitando aos alunos aplicar o conhecimento e as habilidades adquiridas. Ele fornece uma estratégia abrangente que é adaptável, versátil e, o mais importante, focada na competência de desempenho do aluno.

Os Componentes e Passos da Análise de Tarefas

A análise de tarefas é um processo sistemático composto por vários componentes e passos.

Esses são os 4 componentes de análise de tarefas:

  1. Identificação de tarefas: Isso envolve identificar as tarefas específicas que os alunos precisam aprender.
  2. Sequenciamento de tarefas: Isso envolve determinar a ordem em que essas tarefas devem ser aprendidas.
  3. Análise de complexidade da tarefa: Isso envolve avaliar o nível de dificuldade de cada tarefa.
  4. Tomada de decisão instrucional: Com base nos fatores acima, decisões são tomadas sobre como instruir cada tarefa.

De forma resumida, esses são os 6 passos de análise de tarefas:

  1. Escolha a tarefa: Identificar a tarefa a ser analisada.
  2. Divida a tarefa: Dividir a tarefa em sub-tarefas ou etapas gerenciáveis.
  3. Determine a sequência das tarefas: Estabeleça a sequência correta das sub-tarefas.
  4. Teste a sequência: Valide a sequência passando pela etapa.
  5. Analise as etapas da tarefa: Determine se cada etapa é necessária e suficiente para o aprendiz realizar a tarefa.
  6. Documentar a análise de tarefa: Por fim, documente a análise de tarefa para referências futuras e fornecer um guia detalhado para o design e desenvolvimento de materiais instrucionais.

Cada passo neste processo desempenha um papel importante para garantir que os materiais instrucionais criados sejam eficazes e atendam aos objetivos de aprendizagem.

Existem diferentes tipos de análise de tarefas, incluindo análise cognitiva de tarefas e análise hierárquica de tarefas, entre outras. Para entendê-la em termos mais simples, pense em quebrar uma tarefa complexa em partes menores e gerenciáveis.

  1. Identificação da tarefa: O primeiro passo envolve a identificação da tarefa geral que o aprendiz precisa realizar. Essa tarefa geralmente é o objetivo final do treinamento ou programa instrucional.
  2. Divisão da tarefa: A tarefa é então dividida em sub-tarefas ou componentes, cada um dos quais contribui para a conclusão bem-sucedida da tarefa geral.
  3. Sequenciamento das tarefas: Uma vez identificadas as sub-tarefas, elas são sequenciadas na ordem em que precisam ser executadas. Algumas tarefas podem precisar ser executadas simultaneamente, enquanto outras sequencialmente.
  4. Identificação do conhecimento e habilidades necessárias: Para cada sub-tarefa, o conhecimento e as habilidades necessárias para executá-la são identificados. Isso ajuda no desenvolvimento do conteúdo instrucional apropriado.
  5. Especificação dos padrões de desempenho: Os padrões de desempenho esperados para cada sub-tarefa são especificados. Isso inclui o que constitui uma conclusão bem-sucedida da tarefa e como ela será medida.
  6. Documentação da análise de tarefas: A etapa final envolve a documentação da análise de tarefas para orientar o design e o desenvolvimento dos materiais instrucionais. Este documento se torna o plano para o design instrucional.

Estratégia de Vinculação para Conteúdo Instrucional

Criar uma estratégia de vinculação para conteúdo instrucional é uma etapa crucial que garante coerência e promove retenção e compreensão nos aprendizes. Essa estratégia conecta as diferentes peças de conteúdo e tarefas, criando uma experiência de aprendizagem holística e interconectada.

Os principais passos envolvidos na criação de uma estratégia de vinculação incluem:

  1. Identificação de temas ou conceitos-chave: Identifique os conceitos ou temas centrais dentro do seu conteúdo que são cruciais para entender o assunto. Isso se torna os principais ‘links’ em sua estratégia.
  2. Mapeamento de conteúdo e tarefas: Organize o conteúdo e as tarefas em uma sequência lógica que esteja alinhada com a jornada de aprendizado. Essa sequência deve refletir a complexidade e interdependência das tarefas e conceitos.
  3. Criando conexões entre conteúdos: Use uma variedade de métodos, como resumos, questionários, cenários ou estudos de caso em pontos estratégicos no módulo de treinamento para reforçar o conteúdo previamente aprendido e vinculá-lo a novos materiais.
  4. Fornecendo feedback e reforço: Incorpore mecanismos para que os alunos recebam feedback imediato sobre seu entendimento e desempenho. Isso ajuda a solidificar a aprendizagem e reforça as conexões entre diferentes peças de conteúdo.
  5. Usando repetição e revisão: Revise e repita regularmente os conceitos e tarefas-chave para reforçar a aprendizagem e fortalecer as conexões entre diferentes peças de conteúdo.

Dica

Ao seguir um processo de análise rigoroso e criar uma estratégia de vinculação para conteúdo instrucional, os designers instrucionais podem garantir que seus programas de treinamento estejam focados no aprendiz, sejam eficientes e eficazes. O processo pode ser complexo, mas o resultado final - uma força de trabalho competente, confiante e capaz - o torna valioso. Lembre-se, o objetivo final é projetar materiais instrucionais que não apenas transmitam conhecimento, mas também aprimorem a capacidade do aprendiz de aplicar esse conhecimento em cenários do mundo real.

A análise de conteúdo caminha lado a lado com a análise de tarefas no design instrucional. Enquanto a análise de tarefas divide o que o aprendiz precisa fazer, a análise de conteúdo se concentra no que o aprendiz precisa saber. Isso envolve analisar o conteúdo que será ensinado para garantir que esteja alinhado com os objetivos de aprendizagem e atenda às necessidades dos aprendizes.

  1. Identificação do conteúdo relevante: O primeiro passo envolve a identificação do conteúdo que os aprendizes precisam saber para atender aos objetivos de aprendizagem.
  2. Organização do conteúdo: O conteúdo identificado é organizado de maneira lógica e coerente. Isso pode envolver a agrupação de tópicos relacionados ou a sequência do conteúdo de uma maneira que suporte o processo de aprendizagem.
  3. Revisão do conteúdo: O conteúdo é revisado para garantir que seja preciso, relevante e atualizado. Isso pode envolver a consulta a especialistas no assunto ou a referência às últimas pesquisas e diretrizes.
  4. Adaptação do conteúdo: O conteúdo é adaptado para atender às necessidades e características dos aprendizes. Isso pode envolver a simplificação de conceitos complexos, fornecimento de explicações ou exemplos adicionais ou o uso de diferentes métodos instrucionais para apresentar o conteúdo.

Análise de Conteúdo vs Análise de Tarefas

Embora a análise de conteúdo e a análise de tarefas sejam ambos elementos cruciais da análise de design instrucional, eles se concentram em aspectos diferentes. A análise de conteúdo se concentra no “o que” - o conhecimento e informações que os aprendizes precisam adquirir. A análise de tarefas, por outro lado, se concentra no “como” - as habilidades e etapas que os aprendizes precisam dominar para realizar uma tarefa de forma eficaz.

Ambas as análises precisam ser integradas para desenvolver um design instrucional abrangente. O conhecimento e as informações obtidos na análise de conteúdo apoiam a execução das tarefas identificadas na análise de tarefas. Por exemplo, entender os princípios da comunicação eficaz (análise de conteúdo) é necessário para conduzir uma reunião bem-sucedida com o cliente (análise de tarefas).

Conclusão

O papel da análise no design instrucional não pode ser subestimado. É a base sobre a qual a instrução eficaz e eficiente é construída. Por meio de uma análise completa de tarefas e conteúdo, os designers instrucionais podem criar programas de treinamento focados em tarefas do mundo real e fornecer o conhecimento e as habilidades que os aprendizes precisam para realizar essas tarefas com sucesso. Independentemente da complexidade do programa de treinamento ou da diversidade dos aprendizes, um processo de análise robusto garantirá que a instrução seja relevante, envolvente e impactante.

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